Contribuição para a análise da economia da região do Vale do Paraíba e Litoral Norte com ênfase para produto e emprego na Indústria
- siteinstitutocelso
- 11 de nov. de 2024
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Atualizado: 18 de dez. de 2024
O Vale do Paraíba e Litoral Norte conta com 39 municípios nos quais, em 2021, vivem 2.506.181 de pessoas, segundo estimativas da Fundação Seade. No Estado e a terceira região mais importante, segundo o critério do Produto Interno Bruto, e é a mais industrializada. Nesse texto estão elencados dados e observações sobre o comportamento do PIB e do mercado de trabalho, com foco na indústria, a partir dos dados e estimativas, respectivamente da Fundação Seade e da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego.
O Produto Interno Bruto (PIB) da RM Vale foi de R$ 124,4 bilhões em 2020, equivalente a 5,6% do PIB do Estado de SP, esse resultado só é menor que aqueles apresentados pelas regiões que abrange a capital paulista (53,4%) e região de Campinas (18,3%).
Entre os anos de 2010 a 2020, a evolução da produção de riquezas no Vale foi de 4,4%. No mesmo período o PIB do Estado de São Paulo cresceu 3,6%; a região de Campinas 13,2% e a região de Sorocaba 14,8%. Embora o crescimento regional tenha apresentado resultados acima daqueles observados para o conjunto do Estado, a comparação com as taxas registradas noutras regiões de perfil semelhante mostra perda de dinamismo local.
A estrutura da atividade econômica da região é marcada pela elevada participação da Industria com 37% de participação na produção da riqueza. É maior participação verificada entre todas as regiões, em segundo lugar está Campinas (32,6%), seguido de Sorocaba (28,7%).
O fenômeno da desindustrialização enquanto diminuição da participação da indústria na geração do produto/renda e diminuição das participação dos empregos nessa atividade econômica, verifica-se no Vale do Paraíba e Litoral Norte.
A participação da Indústria na região está diminuindo, em consonância com a diminuição da participação da Industria no país, e dando lugar ao aumento da participação do Setor de Serviços, embora em ritmos diferentes daqueles observados no país.
A participação da Indústria no Valor Adicionado no país foi de 21,9% em 2018, e no Vale esse patamar foi muito superior com 41,1%. No período 2010-2018 a Industria perdeu 5,5 p.p (pontos de participação) na geração do Valor Adicionado do país, ao passo que na RM Vale a perda foi de 3,4 p.p. Tanto no Brasil quanto na região, cresce a participação dos Serviços com 5,2 p.p. e 4,5 p.p, respectivamente. Portanto, verifica-se que embora as tendências sejam idênticas parte-se de proporções bastante diferentes de participação de cada um desses setores de atividade em cada uma das escalas observadas e os ritmos diferem, pois no Vale a retração da Industria é mais lenta. Embora a desindustrialização seja um fenômeno mundial não é uma força da natureza sobre a qual as ações humanas são limitadas, ao contrário, as políticas governamentais são fundamentais na determinação do ritmo e da qualidade dos novos patamares da participação da Industria assim como de qual (is) subsetores da atividade de Serviços aumentarão a sua participação.

Ao final de 2019, a soma dos empregos formais (celetistas e estatutários) nos 39 municípios do Vale do Paraíba era de 574,4 mil. No período de 2010 a 2019, houve um crescimento de 4% na contratação de trabalhadores, percentual inferior ao registrado no país, onde o emprego formal cresceu 7,9% no mesmo período. O resultado final dessa série evidencia uma queda significativa em relação ao período de 2013-2014, quando o número de postos de trabalho no Vale superou a marca de 600 mil.

O fenômeno da desindustrialização reduziu a participação dos empregos formais na Indústria, que passou de 24,9% para 20,6% entre 2010 e 2019, representando a perda de 21,5 mil postos de trabalho. No mesmo período, houve crescimento da força de trabalho nos setores de serviços (incluindo administração pública) e comércio, que juntos passaram a empregar 39,3 mil pessoas a mais em comparação a 2010.


A remuneração média dos assalariados formais no Vale do Paraíba é superior à média nacional, alcançando R$ 3,3 mil em 2020. A Indústria se destaca como o setor com maior remuneração média, registrando R$ 5,2 mil. No setor de Serviços, o valor equivale a 59,8% da remuneração da Indústria, enquanto a média geral corresponde a 63,4% da média paga pela Indústria.

Entre 2010 e 2019, o emprego formal cresceu 4% no Vale, mas a massa salarial seguiu em direção oposta, registrando queda de 6% no período, indicando redução na média salarial real. Ao incluir os impactos da pandemia, a queda da massa salarial se acentua para 9,4%, influenciada pela diminuição da participação da Indústria nos empregos formais e, consequentemente, na renda.
A ausência de pesquisas locais sobre a taxa de desemprego e o perfil da força de trabalho compromete a formulação de políticas públicas e propostas adequadas. Perguntas essenciais, como o número de desempregados, sua localização e características, permanecem sem resposta, reforçando a necessidade de articulação entre o governo estadual e os municípios para suprir essa lacuna.
Apesar das similaridades com a realidade nacional, a economia do Vale apresenta singularidades marcantes, como a centralidade da Indústria. O processo de desindustrialização, agravado por eventos como o fechamento da Ford em 2021, evidencia os impactos profundos e imediatos dessa tendência. O futuro promissor da região passa pela combinação do potencial tecnológico de instituições como INPE, DCTA e universidades com o fortalecimento da indústria instalada, especialmente nos setores metal-mecânico, automotivo e aeronáutico.
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